• 8 de September de 2024

Freguesia de Alvarães

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Freguesia de Alvarães

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Alvarães Viana do Castelo
Um lugar de partida: São Miguel de Alvarães

Parte destacada do mapa de Entre Douto e Minho do século XVIII e região onde se encontra Alvarães e alguns lugares mais significativos no universo minhoto de Valentim*

Castelo do Neiva São Romão Rio Neiva Alvarães
* BND – httppurl.pt13791P4.html BND- PT

Pertencente à Província do Minho, noroeste de Portugal, e situada à margem direita do Rio Neiva, a freguesia de São Miguel de Alvarães pertenceu ao termo de Barcelos até 1835, quando então passou a se vincular ao Conselho de Viana do Castelo, distando dali 10 km. Faz fronteira com as freguesias Vila Fria, Vila de Punhe, ao norte, Vila Punhe e Fragoso, pelo nascente. Ao sul, com Fragoso, Forjães e Rio Neiva.
Pelo poente faz divisa com São Romão do Neiva e Chafé.
No quadro geral da população do norte de Portugal, que é de 3.689,609 habitantes, Viana do Castelo, de cujo distrito pertence Alvarães, conta com uma população de 88.725 habitantes.

Composta de uma população com percentuais de 15,1%, para a faixa de 0 a 14 anos, 11,5%, de 15 a 24 anos, e 56,2%, de 25 a 64 anos,1evidenciando a concentração de pessoas adultas e idosas.

A saga emigratória prosseguiu em diferentes momentos do século XX e XXI a moldar tal característica na população, sempre visando solucionar o problema da pouca perspectiva de empregabilidade na juventude.

Imposições circunstanciais que expulsaram ainda mentes e braços jovens, tornando vulnerável uma geração em processo de reforma. Temos, na faixa de 25 anos e pouco mais, uma população que, fazendo parte do universo acadêmico, concluiu recentemente sua formação, portanto, pronta para o mercado de trabalho. Mas, o percentual maior nesta faixa etária dos 25 aos 64 anos, não deixou de evidenciar um grupo que manteve a predominância em todo o continente desde 1981.
2Com a crise econômica que atingiu vários países, com maior ou menor intensidade a partir de 2008, expulsou novamente, grande número da juventude portuguesa, no quadro geral europeu.

E o Brasil foi, mais uma vez, o destino de muitos.
Tal contexto certamente suscitara estudos detalhados por especialistas para uma análise concreta das transformações indeléveis pelas quais passará Portugal.

Aqui, nos limitamos aos números percentuais reveladores de uma característica da população, o fato de o número de mulheres ser maior em quase toda a extensão de Portugal, salvo raras exceções, indicando serem as emigrações do século XXI majoritariamente compostas de jovens masculinos, ajudando a formatar tal quadro, bem como a diminuição do índice de natalidade.3 Na região Norte, nosso interesse, do
1 INE – Instituto Nacional de Estatística – caderno do censo 2011 – resultados provisórios. 2 Idem, p.10.
3 Idem, p. 13.


total de 1.331.066,4 as famílias compunham-se, em média, entre 2 a 3 membros, pai, mãe e dois filhos.

Uma tendência melhor percebida nas populações do interior, justamente as que mais sofreram com a emigração nos séculos XVIII e XIX.

Teriam se precavido, tendo poucos filhos com quem se preocupar em relação ao futuro? Focando no Distrito de Viana do Castelo, o quadro é o mesmo: maior número de famílias compostas de 2 ou 3 membros.

Portugal sofreria, ainda assim, a sina de ser um cais sempre pronto para partidas.

A freguesia de Alvarães tem, hoje, uma vida econômica baseada na indústria, comércio e serviço, diversos.

O trabalho com a argila e fabricação de telhas foi forte por um longo período e é possível observar contemporaneamente, verdadeiros patrimônios desse período.

As azenhas constituem igualmente relíquias locais, marcando, na memória dos habitantes, um tempo em que o rio Neiva era o motor da região, apesar de não ser de grandes dimensões.

Mas era ele que movimentava a vida dos habitantes na moagem do milho e fabrico de pães ao longo de suas margens.

Hoje, algumas antigas azenhas ainda se encontram ao longo do rio e uma delas transformou- se em uma espécie de monumento guardião do passado, a Azenha d’Almerinda, restaurada pelo poder municipal. Conforme dados da Câmara Municipal, Alvarães tinha, no ano de 2012, em torno de 5.000 habitantes.
Para uma observação dessa freguesia como o local de origem do personagem central deste estudo de caso de emigração portuguesa minhota para o Brasil, nos setecentos, tomaremos como referência as Memórias Paroquiais de 1758, quando o então Secretário de Estado dos Negócios do Reino, Sebastião José de Carvalho e Mello, Marquês de Pombal, fez chegar às freguesias do reino através de suas paróquias, ou seja, endereçado aos párocos locais, os que de fato deveriam conhecer em pormenor a vida social e econômica, um interrogatório minucioso, previamente elaborado, cujas respostas ofereceriam um panorama completo de cada uma das freguesias.
O interrogatório era constituído de questões esclarecedoras, desde a formação histórica e geográfica, limítrofes, administração, produção, comércio e formas de comunicação, além da descrição da população e sua religiosidade, como orago, igrejas, capelas e irmandades, com destaque ainda às pessoas mais influentes do local.

Ou seja, um verdadeiro mapa do reino nos seus mais abrangentes aspectos, confeccionado o mais pormenorizadamente possível.
Ainda que saibamos se tratar de um documento narrativo, elaborado sob os olhos e perspectiva de quem o fez, ou seja, por um conhecedor da realidade, trata-se de uma importante peça documental, na medida em que esboça um período e características, senão exatas, ao menos muito próximas da realidade de cada freguesia. Enquanto documento extremamente rico em detalhes, as Memórias têm sido utilizadas por estudiosos de diferentes áreas do conhecimento que investigam Portugal no século XVIII, e que se estende como rica contribuição para aqueles que estudam os aspectos sociais e econômicos locais no processo emigratório para as colônias.5
Nas Memórias Paroquiais de 1758, a descrição da freguesia de São Miguel de Alvarães ficou a cargo do padre Francisco Machado Pinto, também Comissário do Santo Ofício. Recebendo o questionário em Alvarães, na segunda quinzena de maio, enviado pelo reverendo e provisor da cidade de Braga, Francisco Fernandes Coelho, deveria ser respondido com brevidade.

Conhecendo cada morador e as especificidades da pequena localidade, não foi espantosa a rapidez com que concluiu, levando apenas uma quinzena.

O padre Francisco Machado o devolveu com a maior “exacção” possível, segundo suas palavras, no dia 2 de junho. Submeteu suas respostas ao inquérito, sendo conferidas e atestadas por seus pares da freguesia de São Martinho de Vila Fria, pelo vigário Manoel da Costa Andrade, e de Santa Eulália de Vila do Punhe, vigário José da Silva.

A celeridade da resposta demostrou o profundo conhecimento que este possuía da freguesia e sua dinâmica cotidiana, fato corriqueiro para os párocos das pequenas localidades minhotas.

Os instrumentos eclesiásticos de controle dessa população e seu rebanho tinham a eficácia necessária para tal, como os sacramentos e as devassas.

Estando naquele período São Miguel de Alvarães subordinada, tanto na administração religiosa quanto secular, à Vila de Barcelos, distante três léguas dali, era Comarca do Arcebispado de Braga, Província de Entre Douro e Minho.

São Miguel de Alvarães, não diferente das demais pequenas localidades rurais, era composta por uma população majoritariamente pobre, jornaleira ou mesmo lavradora, que trabalhava em terras diminutas, circundadas de carvalhos e castanheiras. Da madeira extraída eram
5 CARDOSO, Luís, (Pe.) – Memórias Paroquiais do padre Luís Cardoso ou Dicionário Geográfico. Manuscrito, 1758 – Manuscritos – Arquivo Nacional da Torre do Tombo – ANTT, Lisboa.
6 Idem.

fabricados os tonéis de vinho e as de pinheiros “bravos”, como os classifica o padre que os descreveu, serviam mais para lenha.
O angico, “madeira barata”, servia à população como bom material para suas construções. A região do Minho era composta de terras férteis e onde se concentravam pequenas propriedades ocupadas com plantações, na maior parte delas de milho, alimento primordial, a princípio, para a criação dos animais, mas que garantiam ainda a maior parte do alimento da família e para a venda nas feiras. A atividade vinícola, ainda que considerada de baixa qualidade, produzia um vinho que, mais que alimento, era utilizado como remédio para os pobres, no caso, lavradores e jornaleiros, conforme informações do vigário.

Tinha Alvarães por vizinhos fronteiriços, em 1758, a Freguesia de Santa Eulália da Vila do Punhe, entre o norte e a nascente; pela parte norte e poente, a de São Martinho de Vila Fria; e o convento beneditino de São Romão do Neiva, pelo poente, banhado pelo Rio Neiva, que dava nome à instituição.

Da nascente para o poente, esse rio servia a várias freguesias, portanto, de importância comercial, logo, deveria ser citado, assim como as pontes que facilitavam o trânsito de uma para outra.

Além das atividades produtivas que ali se desenvolviam, as azenhas a beira do rio também serviram à moagem de grãos de freguesias próximas, porém, mais distantes do rio.

A ponte do Fragoso, por exemplo, por sobre o rio Neiva, na freguesia de São Pedro Fragoso, era a estrada que fazia a ligação de Barcelos com Viana do Castelo, importante Vila portuária.

Também a ponte da passagem do rio pela freguesia de São Paio Dantas, conhecida por ponte do Castelo, representava importante via de acesso, pois ligava Lisboa a Viana.

Desaguava o rio Neiva no Atlântico, após a passagem por São Miguel de Alvarães, São Thiago do Castelo do Neiva e São Paio Dantas, sendo fundamental para as atividades das populações das freguesias ao longo de seu percurso. Nas suas margens planas é que instalavam os moinhos e açudes utilizados pelos moleiros para suas azenhas. Não era, contudo, possível utilizá-lo nas lavouras, por ter as margens planas, porém altas. Seu percurso era de cinco a seis léguas.
São Romão, em especial, que muito significou para Valentim, como veremos, compunha, no período das Memórias, de 101 “vizinhos ou fogos”, conforme o pároco, e 23 pessoas com sacramento e três menores de 7 anos ou mais. São Romão era,
na verdade, o Castelo de São Romão do Neiva, entre os rios Neiva e Lima, fundado por fidalgos proprietários das terras onde se ergueu o mosteiro, sendo São Romão o orago.7
Alvarães possuía 254 fogos e 700 moradores, porém o pároco contava 152 pessoas “ausentes”, assim chamados os que, após a desobriga, especialmente da crisma, não eram mais vistos na freguesia e cujo paradeiro era sempre informado pela família. Para uma freguesia com setecentos moradores, a ausência de 150, mais de 30%, era bastante significativa, revelando um período característico de Portugal, especialmente do Minho: a emigração.8 Pelos registros de óbito de Alvarães, contavam apenas 39 ausentes nos estados do Brasil, tendo sido poucos os que partiram para Lisboa,

Viana e América.9 O Sargento-Mor Silvestre Fernandes dos Reis e Bernardo Francisco, do Lugar de Meiriçô faleceram em Minas Gerais, entre 1782 e 1783. Antonio Fernandes, também Sargento-Mor do Lugar do Souto, estava em Cuiabá quando faleceu em 1784. Nenhum deles deixou testamento.
Dezoito lugares compunham a freguesia de Alvarães: Mereiçô; Padrão; Sião; Pouso; Costeira; Souto do Siatro; Xistro; Serdal; Calvário; Vizo; Lugar da Igreja; Souto da Igreja; Longueira; Borges; Outeiro; Paçô; Souto do Monte do Paçô e Xasqueira. Nas Memórias não se vê mencionados os lugares da Cruz e Lugar da Brigiela.

Atualmente, os lugares que compõem a freguesia são: Da Igreja, Chasqueira, Souto do Monte, Paçô, Outeiro, Várzea, Mereiçô, Padrão, Sião, Pauso, Costeira, Xisto, Sardal, Calvário e Viso. Os grifos evidenciam aqueles que existem ainda hoje.

Portanto, o lugar da Cruz tampouco aparece hoje, assim como o da Brigiela. Possivelmente foram incorporados aos demais, antes de 1758. Os lugares de Longueira, Borges, Souto do Siatro, Souto da Igreja, também desapareceram após 1758. Em 1939, na Monografia de S. Miguel de Alvarães, do Padre Manoel Martins Cepa, obra mais completa, então conhecida sobre a história local após as Memórias, além das atuais, o Lugar de Várzea ainda aparecia.10
Não havendo correios na freguesia, toda carta ou documento a ser enviado era preciso primeiramente ser levado para Barcelos, Braga ou Viana, a uma distância média de três a seis léguas. Partindo dessas vilas para Lisboa, sempre nas
7 Arquivo Nacional da Torre do Tombo – MEMÓRIAS Paroquiais, Freguesia de São Romão.
8 ANTT – MEMÓRIAS Paroquiais, Freguesia de Alvarães. São Romão.
9 Arquivo Municipal de Viana do Castelo – Freguesia de S. Miguel de Alvarães – Registro de óbitos 1736-1830.
10 CEPA. Padre Manoel Martins, Monografia de S. Miguel de Alvarães. Braga, 1939, p.18.


sextas-feiras, levava entre dezessete a dezoito dias de viagem. A distância entre Braga e Lisboa era de sessenta e duas léguas, mais ou menos.
Notícias sobre os nobres da freguesia e suas atividades também integravam as preocupações de Pombal, visto a necessidade de um conhecimento, o mais amplo possível, das aldeias, devendo o pároco, portanto, também descrevê-los. E estes o faziam muitas vezes com detalhes sobre seus méritos.

Em Alvarães, das figuras importantes na Aldeia e que mereceram menção especial apareceram citadas apenas dois, e membros de uma mesma família, eram o doutor Baltazar Peixoto de Barros, já falecido quando do questionário e Figura eminente na freguesia, formado pela Universidade de Coimbra em Direito, profissão nobilíssima para o período e, claro, para os bem-nascidos. Assim o era também seu irmão, Bernardo, igualmente doutor em Direito, servindo naquele momento como Juiz de Fora na Vila de Chaves. Da parte do poder clerical, os frades e freiras nascidos na freguesia, que enalteceram a igreja e a religião católica por sua presença marcante ou algum feito especial, mereceram suas considerações, sendo também citados e enaltecidos por suas virtudes, como o frade capucho Antonio de São Bartolomeu.
Falecendo no convento de Vila de Vianna, onde era carpinteiro “por sua curiosidade”, morreu parecendo estar “entalado com um pedaço de bolo, não sem antes de, como que premeditando sua morte, dizer ao despenseiro que estava prestes a ir para “uma grande jornada”. Intrigado, o despenseiro o questionou se ia para fora, ao que respondeu que não para fora, mas que “vos vereis”, deixando-o sem entender. Logo depois se sufocou. Já morto, afirmou o padre Francisco Machado que ouviu falar, mas informa que um amigo do frade foi até sua sepultura, de muletas, pedindo saúde e conseguindo sair de lá curado, voltou para casa já sem as muletas. E no momento em que narrou o episódio no questionário, segundo o padre, ele teria feito alguns milagres. Uma crônica, naquele momento sobre a vida deste frade, se andava “cavando de tirar”.
Antonia Xavier, religiosa do Convento de Santa Anna de Vianna e também do Lugar do Pouso, como o tio, foi citada pelo padre, talvez pelo parentesco com o frade Bartolomeu. Era sua sobrinha e falecera no convento, com uma particularidade: Ao prepararem-na para a sepultura encontraram “enterrado em suas carne”, um cilício, cinto que, por penitência, sabe-se lá por qual pecado, ela se obrigara a usar e se autocastigar. Sua morte pode ter sido por uma ferida infeccionada pelo cinto enterrado na carne.

Quanto à freira e o cilício em seu corpo, nenhum outro comentário do padre, além do fato de ter sido informado que falecera “fornida” de virtudes, cumprindo suas obrigações de religiosa, “dando indícios de ser boa católica e religiosa”. Entrara para o convento apenas quatro anos antes de sua morte, o que pode indicar uma atitude de reclusão e servidão, não como vocação, mas enquanto castigo ou busca pelo perdão divino. Interessante seria conhecer seu pecado, o que nos daria uma ideia do que era tão sério e merecedor de tão severo castigo para as mulheres de Alvarães ou do Minho. Eram castigos impostos por elas mesmas, autoflagelos, se muito religiosas e praticantes, como pode ser o caso de Antônia, ou obrigados por uma família suficientemente devota.
Seis capelas e uma igreja, cujo orago de São Miguel Arcanjo dava o suporte espiritual à população. Procissões e festas religiosas eram corriqueiras, especialmente nos dias em que se comemorava cada santo das devidas capelas e irmandades. A participação nessas atividades servia como bálsamo das lidas diárias, da pobreza, das dificuldades. As irmandades, como a do orago de Nossa Senhora do Rosário, do Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora da Boa Morte, existentes em Alvarães, eram importantes congregações para a população das aldeias, onde se organizavam como que para se autoproteger. O Santíssimo Sacramento sempre foi o de maior devoção da população de Alvarães, sendo sua fé mais fortemente ligada aos enfermos. Assim, vemos que em Chapada dos Guimarães, Valentim manteve a herança dessa prática e devoção. Quando criança deve ter presenciado muitas das manifestações ao Santíssimo, mantendo sua fé e dedicação nas minas e estendendo-as à sua família parda e brasileira.

Assim como as demais freguesias, Alvarães reunia, no tempo das Memórias, devoção a diversos santos, alguns deles mais tarde citados nos testamentos do Brasil e da própria freguesia, como santos ou confrarias a que se dedicaram alguns dos testadores: Nossa Senhora do Rosário, S. Francisco Xavier, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Boa Morte, Santíssimo Sacramento e Almas.
Comumente, as irmandades prestavam auxílio econômico, com empréstimos a juros aos seus membros, atuando como “verdadeiras caixas econômicas no mundo rural”11, mas também enquanto apoio espiritual na hora da morte.

Eram os companheiros de irmandade os lhes garantiria um enterro descente, uma saída digna da vida terrena através do enterramento e das missas e procissões auxiliadores da alma.
11 SOUZA. Fernando de; ALVES. Jorge Fernandes. Alto Minho: população e economia nos finais de setecentos. Lisboa: Presença, 1997, p. 68.


Este, por sua vez, em testamento reservavam, o quanto podiam em dinheiro, para as missas por sua alma, dependendo da devoção e temor do divino, conforme o estilo de vida que levaram até então, o número de missas variava.

Nas minas de Mato Grosso não era diferente, como já vimos. Estes e todos os demais traços da religiosidade portuguesa fizeram parte do conjunto de valores trazidos pelos emigrados e pelos luso-africanos e que se impuseram como a base cultural predominante, mesclando-se, ao longo do tempo e da dinâmica cotidiana, às diferentes culturas com as quais dividiam o convívio social. Nesse processo, tanto indígenas quanto africanos escravizados, familiarizados desde África com o cristianismo e suas representações, utilizavam-se delas na inserção, a princípio disfarçada, de suas próprias cosmogonias, de onde surgiram as manifestações religiosas, por exemplo, do candomblé e da umbanda.

O primeiro, com forte representação africana ocidental, cujas divindades foram sendo identificadas com os santos católicos, numa ação de resistência e proteção de seus ritos e, a segunda, agregando elementos dos três universos: português, africano e indígena.

Foto Parte destacada do mapa de Entre Douto e Minho do século XVIII e região onde se encontra Alvarães e alguns lugares mais significativos no universo minhoto de Valentim* 

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